Não soube ser o feixe,
o tanto de cansaço
e sangue.
A labuta incessante,
o dobrar de pulsos
e vértebras.
Não soube ser o caminho
nem o pó que pisa a pálpebra,
nem a pegada que pisa o calendário
e machuca
o grão de areia.
Não soube ser o alaúde,
nem a corda cingindo
a partida da nota,
nem teus dedos guardando
o silêncio.
Soube ser apesar de tudo,
a pedra:
lisa, monótona, negra.
Pedra de mouraria,
de muros,
de conventos.
Pedra erguendo a noite,
pedra resvalando o dia,
pedra de pisar forte e contínuo.
Pétrea melodia,
sem cantos,
sem adejos,
sem hinos.
Pétrea flor se abrindo,
luzindo de sol a pino
em estertores de granito.
Pedra de meus passos,
pedra que abre o risco
e o resvalo,
para fechar-se
no lento dobrar do sino.
Lívia Petry
Um comentário:
Parabéns pelo blog, Lívia!
Adorei!
Tu és muito talentosa.
beijos com saudades,
Dani
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