terça-feira, 14 de julho de 2009

POEMA PARA FERIR O SILÊNCIO

Cansei da hora extrema,
do sangue no assoalho,
dos gemidos.
Os fios da minha ira
passaram por tuas carnes,
fizeram caminhos,
tremeram,
faiscaram.

Pude sentir outra vez o gozo supremo da dor
se entranhando,
abrindo côvados n´alma,
extinguindo a voz.

Soube em mim este olhar sem palavras,
inerte,
brilhando na meia-luz da existência.
Aprendi os nomes, a palavra exata,
suja,
chicoteando os tímpanos.

E escrevi nos teus ossos
o que a água calou,
o que a mortalha não ousou embalar
em seu sono negro,
o que se soube enterrado
num sentido amargo,
cruento,
despudorado da língua.


Lívia Petry
2.10.05

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários pertinentes e criativos sempre incentivam e proporcionam a evolução.